Botânica

22/05/2011 13:18

 SELVA



Lugares inóspitos para o homem civilizado, autênticos paraísos para os cientistas e ecossistemas ótimos para o desenvolvimento da vida em seu máximo esplendor, as selvas constituem um dos habitats mais importantes para o equilíbrio ecológico do planeta. À imensa variedade de organismos que abrigam, soma-se a influência de suas massas de vegetação sobre o clima, o solo, a paisagem e a produção de oxigênio.
Selva ou mata pluvial é um tipo de ecossistema florestal formado por uma comunidade arbórea muito densa, com árvores altas, cujas copas formam uma cobertura que dificulta a penetração da luz, localizada em planaltos tropicais úmidos e planícies próximas ao equador.
As características da selva se determinam de acordo com o clima. Em geral, classificam-se em selvas caducifólias e perenifólias, de acordo com as espécies que as formam. As selvas caducifólias, integradas por árvores que renovam as folhas de forma simultânea, são adaptadas ao clima temperado, com alternância de duas estações, uma seca e outra úmida. Quando a estação seca é muito longa, a vegetação se reduz. As selvas perenifólias, pelo contrário, são sempre verdes por serem formadas por árvores cujas folhas não caem antes que as novas estejam desenvolvidas.

Distinguem-se vários tipos de selvas. A erófila ou montana é aquela localizada na montanha, em geral formada por três camadas superpostas de vegetação: a primeira, ou inferior, muito exuberante; a segunda, já no nível em que pairam as nuvens, chamada de mata nebular ou bosque nubígeno; e a terceira, localizada nas proximidades dos picos, onde as árvores escasseiam e dominam as comunidades herbáceas. As selvas equatoriais ou tropicais constituem um dos tipos mais complexos, ricos e variados de ecossistema terrestre. Desenvolvem-se em uma ampla faixa situada em ambos os lados da linha do equador, onde se registram condições ótimas de temperatura e umidade para o crescimento de grandes massas vegetais. É característica da selva tropical a oscilação mínima de temperatura, se comparada com a que se registra nos demais ecossistemas terrestres. Os manguezais também são matas pluviais dos trópicos, com árvores menos altas e caracterizadas pelas raízes respiratórias e aracnóideas, para sustentação da planta em solos lodosos e pouco consistentes.


Distribuição, flora e fauna. Existem selvas nas Américas Central e do Sul, das quais a amazônica é a mais exuberante; na zona equatorial africana, Madagascar e certas áreas do sudeste da África; nas regiões meridionais da Ásia, desde a Índia até a Nova Guiné; e em uma estreita mas extensa faixa do litoral setentrional da Austrália.
A vegetação na selva se distribui em estratos bem diferenciados, do nível do solo às camadas mais altas: o estrato herbáceo, constituído por plantas que crescem perto da terra e não ultrapassam meio metro de altura; o arbustivo, integrado por espécies cuja envergadura chega a cinco metros; o estrato médio, até os 15m; o estrato arbóreo contínuo, até os 25m; e o estrato das grandes árvores, que podem atingir até 35m de altura. A concorrência entre as plantas é muito intensa, pois a escassez de espaço e de luz exige das espécies múltiplas adaptações.
A selva é o paraíso dos invertebrados terrestres: caracóis gigantes da África tropical, sanguessugas Haemadipsa do Extremo Oriente, tarântulas sul-americanas, lacraias e centopéias. O calor e a umidade mantêm ativo o metabolismo desses animais ao longo de todos os meses do ano, assim como o dos vertebrados poiquilotermos (anfíbios e répteis), que em regiões mais frias experimentam um período de letargia nas estações rigorosas. Têm nas selvas o seu principal habitat inúmeras espécies de aves, dos faisões asiáticos aos colibris americanos; grandes felinos, como o jaguar, na América; o leopardo, na África; e o tigre, na Ásia; mamíferos insetívoros, morcegos frugíveros e a quase totalidade dos primatas.

 

 

CARNAÚBA - CERA


A maleabilidade, o fato de não se tornar râncida, a consistência branda e a origem natural fizeram das ceras um material continuamente empregado desde as mais antigas civilizações. No Egito antigo já se utilizava essa substância no fabrico de máscaras e de pequenas estátuas votivas usadas nos ritos fúnebres.
Cera é uma substância tenra e amarelada que se funde entre 35 a 100o C e é miscível com corantes. Existem ceras de origem animal, vegetal, mineral e sintética. Primeiramente, o nome foi utilizado para designar a única cera então conhecida, a de abelhas, e depois passou a denominar produtos que se lhe assemelham quimicamente. Modernamente, consideram-se ceras quaisquer materiais cerosos que, apesar de  suas diferentes composições químicas, apresentem características físicas semelhantes.
O valor comercial das ceras decorre de sua resistência à água e ao vapor de água, ductilidade, dureza, faixa de ponto de fusão adequada, lustro, propriedades emulsificantes, lubrificantes, adesivas etc. Do ponto de vista químico, as ceras de origem animal ou vegetal compõem-se de ésteres de ácidos orgânicos graxos constituídos por moléculas de cadeia longa e álcoois alifáticos. Repelentes à água, são por isso utilizadas como impermeabilizantes.
Por sua composição química, as ceras têm afinidades com as graxas, embora constituam grupos diferenciados. A distinção básica entre as duas ordens de substâncias está no fato de serem as graxas assimiladas pelo organismo humano, enquanto as ceras não o são.
Entre as ceras de origem animal sobressaem por sua aplicação a das abelhas, o espermacete (substância cerosa extraída do óleo dos cetáceos), e a cera da China, obtida de cochonilhas, insetos classificados como Coccus ceriferus. Todas são utilizadas na fabricação de velas, cosméticos, adesivos, colas, produtos farmacêuticos e de outros usos específicos.
A cera de carnaúba, de que o Brasil é o único produtor, é uma cera de origem vegetal com variadas utilidades, em substâncias para revestimento brilhante, como os vernizes, e como matéria-prima do fabrico de velas. Outra cera vegetal brasileira é a do licurizeiro (Cocos coronata), palmeira xerófila das caatingas baianas, cuja cera funde a 89,5o C.
As ceras minerais ou sintéticas são hidrocarbonetos de cadeia longa, que se obtêm como resíduos dos processos de destilação de petróleo e carvão. Os derivados de petróleo podem ser diferenciados, quanto às ceras, em três grupos: o das ceras parafínicas, o das microcristalinas e os das vaselinas. Os campos de aplicação dessas substâncias são múltiplos: preparo de cosméticos, tintas de impressão, lubrificantes, tratamento de peles e couros etc.
 

 

 

SALGUEIRO


Da casca de alguns salgueiros deriva a salicina, fonte do ácido salicílico que entra na fórmula dos principais analgésicos. Além do valor terapêutico, os salgueiros são usados para fins ornamentais e, em certas regiões, para dessecar pântanos e controlar a erosão do solo.
O nome salgueiro aplica-se a grande número de árvores e arbustos do gênero Salix, um dos dois que compõem a família das salicáceas. O salgueiro-negro (Salix nigra), o salgueiro-branco (S. alba) e o salgueiro-frágil (S. fragilis), todos capazes de chegar a vinte metros de altura ou mais, estão entre os mais altos. O primeiro é nativo da América do Norte; os outros, da Europa e da Ásia, ainda que atualmente aclimatados a grande parte do mundo. Todas as espécies têm folhas alternadas, em geral muito estreitas, e espigas ou amentilhos de flores masculinas e femininas em pés separados.
Por salgueiro-chorão ou simplesmente chorão conhecem-se numerosas espécies e híbridos, em especial S. babylonica e suas variedades, do leste da Ásia, caracterizadas por ramos flexíveis e longos que pendem comumente até o nível do solo. Tais espécies e híbridos, de porte bem mais modesto que o das grandes árvores do gênero, são plantadas por tradição à beira d"água, onde as cortinas criadas por seus ramos caídos causam lindos efeitos paisagísticos. O salgueiro-chileno (S. chilensis), freqüente entre o Chile e o México, atinge 18m de altura e deu origem à variedade fastigiata, particularmente comum em Xochimilco, perto da Cidade do México. Na Europa, destaca-se o salgueiro-dos-cesteiros ou vime-branco (S. viminalis), usado em cestaria.
 

 

 

 

JUAZEIRO


Capaz de permanecer sempre verde, graças às raízes profundas que exploram quaisquer resquícios de umidade, o juazeiro desafia os períodos de seca e continua a vegetar em solo árido, nos campos abertos ou na caatinga dos sertões nordestinos.
Também chamado de joá, juá, juá-fruta, juá-espinho ou laranjeira-de-vaqueiro, o juazeiro (Zizyphus joazeiro) pertence à família das ramnáceas, que inclui a jujuba ou jujubeira e a colubrina, mas está pouco representada no Brasil. É árvore de tronco espinhento, que atinge mais de dez metros de altura, com cerca de sessenta centímetros de diâmetro. As folhas, ovais, serrilhadas, levemente coriáceas, de um verde intenso e com algum brilho, têm nervuras pronunciadas e variam de cinco a dez centímetros de comprimento, por três a cinco centímetros de largura. As flores, bem pequenas, agrupam-se em cimeiras ou cachos.
O juazeiro ocorre do Piauí ao norte de Minas Gerais. Suas frutas, abundantes e amarelas, do tamanho de uma cereja, são um recurso alimentar para o homem quando a escassez o ameaça. As folhas servem de alimento para o gado.
 

 

 

 

MANDACARU


Ramificado desde rente a base do caule, o mandacaru lembra um imenso candelabro. Nasce quase sempre isolado, com vegetação de menor porte ao redor, o que acentua a impressão de solidez.
O mandacaru, planta arborescente da família das cactáceas, ocorre em duas espécies: Cereus peruvianus e C. jamacaru. A primeira é nativa do Peru e do Brasil. A segunda, encontrada apenas no Brasil, é típica da caatinga nordestina. Ambas as espécies, que atingem cerca de cinco metros de altura, recebem outros nomes, como jamacaru, cardeiro, cardeiro-rajado e mandacaru-de-boi.
Em C. peruvianus, as flores afuniladas medem até vinte centímetros de comprimento, são brancas por dentro e castanho-avermelhadas por fora. Em C. jamacaru, o comprimento das flores, brancas e estriadas de verde, reduz-se a 12,5cm. Os frutos dos dois mandacarus são comestíveis, têm formato elipsóide e podem alcançar vinte centímetros de comprimento por 12 de diâmetro. Em épocas de escassez, os frutos são comidos crus, depois de extraída a casca. Do próprio caule, cortado em pedaços, se faz um apreciado doce. O caule também fornece fécula.